Vamos tirar a limpo aquelas mentiras sobre orgasmo nas quais acabamos
acreditando e que só atrapalham ou, mesmo, impedem as pessoas de chegarem ao
clímax do prazer sexual. Leia o que especialistas em sexualidade falam sobre
esses mitos e descubra o que é realmente fundamental para experimentar esse
momento.
1 - Orgasmo múltiplo é para todas
“É provavelmente o maior dos mitos e o que mais atrapalha o
prazer feminino. Em mais de 20 anos de pesquisa, encontrei poucas mulheres que
relataram ter tido orgasmos múltiplos e mesmo quem já teve em geral descreve
esses orgasmos como pontuais e esporádicos”, observa a antropóloga Mirian
Goldenberg , que acaba de lançar, ao lado do cartunista Adão Iturrusgarai, o
livro “Tudo o Que Você Não Queria Saber Sobre o Sexo” (Record).
Segundo Mirian, a ideia de que orgasmo múltiplo pode ser
obtido por todas as mulheres, na hora que elas quiserem, virou um fardo. “Fica
a impressão de que quem não consegue tem algum tipo de deficiência. Isso é uma
bobagem”, opina a antropóloga. “O importante é ter prazer, se é múltiplo ou
não, tanto faz. Um não é melhor que outro”, acrescenta Carla Cecarello ,
psicóloga e sexóloga, coordenadora do Ambulatório de Sexualidade AmbSex, em São
Paulo.
2 - É o homem é que dá prazer a mulher
Os homens também carregam um fardo pesado no quesito 'mitos
e lendas sobre orgasmo'. “Achar que o orgasmo da mulher é responsabilidade
exclusiva do homem é uma mentira ainda mais perigosa porque muitos homens
acreditam”, aponta Carla. “Ele pode ter o melhor desempenho do mundo, mas não
vai adiantar nada se a parceira não estiver concentrada e relaxada. O casal
precisa ter cumplicidade na cama, mas cada um é responsável pelo seu próprio
prazer”, prossegue a sexóloga.
3 - Quem goza bem, geme alto
O cinema tradicional e o erótico incutiram na cabeça de
muita gente a ideia de que quanto maior é o prazer, mais alto é o gemido. Mas
isso não é uma verdade absoluta. “Homens e mulheres expressam seus orgasmos de
forma bastante peculiar. Uma pessoa pode ter um orgasmo muito intenso e
praticamente não se expressar, a ponto do outro ficar sem saber se houve
orgasmo ou não”, explica a sexóloga Walkíria Fernandes . “Quem é silencioso no
sexo, pode estar estar se satisfazendo muito mais do que alguém muito
escandaloso”, pondera Carla.
4 - Preliminar longa, prazer maior
Ainda falando em 'métricas do prazer', o tempo gasto com as
preliminares também é visto de forma equivocada, especialmente por eles. “Eu
sempre digo que as preliminares começam muito antes da cama. Para a mulher, faz
muito mais diferença a maneira como o homem a tratou durante o dia do que a
duração das carícias antes da penetração”, pontua Mirian.
5 - Orgasmo e ejaculação são a mesma coisa
Na maioria das vezes, as duas coisas acontecem de forma
simultânea para o homem, mas isso não significa que eles são uma coisa só, como
muita gente pensa. “Orgasmo é a sensação intensa de prazer, ejaculação é a
expulsão do sêmen. Nos casos de extrema ansiedade, por exemplo, o homem pode
ejacular sem ter uma sensação plena de prazer”, explica Walkíria, que define
orgasmo como sendo mais mental e ejaculação como uma experiência mais física.
6 - Prazer intenso, só com penetração
Evidentemente, a penetração é uma parte importante do sexo,
mas a intensidade do orgasmo não está necessariamente relacionada a ela. “Ele
pode ser alcançado fortemente também na troca de carícias, na masturbação, no
sexo oral e até no roçar dos corpos”, diz Walkíria.
7 - Tamanho é documento
Na cabeça de muitos homens, ainda persiste a ideia de que o
tamanho do seu órgão sexual tem influência na intensidade do orgasmo feminino.
De acordo com Mirian, esse é um grande equivoco. “A maioria das mulheres
reclama quando o pênis do parceiro é muito grande, dizem que machuca, que é
desconfortável”, conta a antropóloga.
8 - Orgasmo bom é orgasmo juntos
“Algumas pessoas acham que homem e mulher têm que chegar
juntos ao orgasmo, que é mais prazeroso assim e que nessa hora até o céu vai se
abrir”, brinca Carla, citando mais um mito relacionado ao clímax sexual. “Mas
isso não é necessário. Cada um tem o seu próprio tempo. O importante é ter
cumplicidade entre o casal e não sincronismo”, avalia a sexóloga.
9 - Todos os orgasmos devem ser sempre intensos
Mesmo que o casal tenha uma relação de cumplicidade, livre
de mitos aprisionadores, o orgasmo não será obrigatoriamente intenso todas as
vezes para ambos os parceiros. O climax pode até não acontecer para um dos
dois. “O orgasmo nem sempre acontece em todas as relações sexuais, nem para
homens nem para mulheres. Mas isso não deve ser encarado com apreensão para que
não vire um problema”, aconselha Walkíria. A falta de orgasmo só torna-se um
problema quando ocorre com frequência.
10 - Existe uma receita de bolo para alcançar o máximo de
prazer
As três especialistas ouvidas pela reportagem concordam
plenamente num ponto: orgasmo é algo que acontece de forma muito particular
para cada pessoa, por isso, é sempre melhor desconfiar das regras. Aliás,
segundo elas, o prazer não vem com receita de bolo. Simplesmente, faça o que
for melhor e mais espontâneo para você, receba o que for melhor e mais
espontâneo do seu parceiro e aprendam a dançar essa dança juntos, sem nenhum
preconceito ou ideia prédefinida, finaliza Mirian.
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