quinta-feira, 5 de março de 2015





Até hoje eu me pergunto como eu fui me apaixonar por você. Ainda espero a resposta divina para isso. O seu jeito de se vestir não condiz com o tipo de pessoa que eu olho e digo: “nossa!”. A maioria das músicas que você ouve não tem nada a ver comigo; o jeito que você ajeita o cabelo é do jeito que eu todo dia tenho que lhe chamar atenção. O jeito que você deixa a sua cama desarrumada me irrita; a forma como você não sabia que estrogonofe era feito com creme de leite; a forma como tudo eu tenho que lhe dizer, porque parece que você não chega às conclusões tão rapidamente. A forma como você se cala diante de algumas coisas e tenta ser pacífica demais – isso me irrita. Essas coisinhas, e outras mais, me irritam profundamente. Eu fico me perguntando como eu consegui ficar com você todo esse tempo, tendo tanta coisa que me irrita em você. E o que dizer da forma como você fica quieta quando tudo o que eu quero é que você me agarre e me abrace? Ah, como me irrita!
Bom, aqui estou eu ouvindo Arctic Monkeys e relendo um livro do Stephen King, enquanto ignoro suas mensagens. Não vou responder, não vou e não vou! Sou orgulhosa mesmo. Estou aqui, fingindo que não me importo, quando no fundo estou me corroendo e sem saber o que fazer. Chegamos naquelas fases do namoro em que existem “crises”. Pensei que isso nunca bateria na nossa porta, porém bateu – como se tudo o que odiássemos na pessoa ficasse em evidência extrema e tudo o que você quer é distância dela, para não haver mais brigas ou discussões de relação, porque ninguém aguenta mais.
Sabe o Arctic Monkeys e o Stephen King? Eles não estão nessa história à toa. Releio um livro do Stephen King chamado, justamente, “Love” – e fala exatamente sobre um amor que passou por cima de tudo, até sobre os piores pesadelos da pessoa. Um resumé bem chulo do livro que eu fiz (leiam, ele é muito mais do que isso). Para completar o pacote, ouço “Mad sounds” do Arctic Monkeys, que fala justamente sobre um casal que simplesmente chega à conclusão de que: “(…) nós simplesmente não estávamos se sentindo como queríamos; você se senta e tenta algumas vezes, mas você simplesmente não consegue descobrir o que deu errado”. O que deu errado para nós?
Eu acho que nada. Essa é a resposta. Nós apenas saímos daquele estado de “paixão” e passamos a encarar a vida como ela realmente é: com problemas, onde as coisas não são como um eterno carnaval onde tudo é só folia e alegria. Os problemas surgiram e, junto deles, o medo, a insegurança e as dúvidas eternas. Será que estamos fazendo isso certo? Será que não estamos confundindo tudo? Eu acho que não. Não existe certo ou errado, existe o que sentimos e ponto. E se estivéssemos confundindo tudo, eu não estaria agora, depois de tanto me corroer, escrevendo esse texto e desejando que você estivesse na minha cozinha misturando louça com gordura com vasilhas de plástico, deixando tudo ainda mais sujo (mesmo que eu ficasse incrivelmente irritada com isso).
A verdade é que passamos a ver os nossos erros e fraquezas com mais clareza e o véu do lindo, belo e maravilhoso, apenas caiu, pois isso não existe. Nenhum relacionamento é assim. Momentos ruins vão surgir e instabilidades também. Vai ter um dia em que a louça misturada na pia vai me deixar mais irritada que o normal e vamos brigar, entretanto não quero jamais que uma louça idiota atrapalhe o nosso relacionamento. E sabe o seu cabelo e a sua cama desarrumada? Eu vou todo dia encher o seu saco com isso, como uma mãe chata mesmo. Assim como você vai encher o meu saco com algumas coisas e, dessa forma, vamos acrescentando jeitinhos nossos uma na outra, se completando. Ninguém disse que ia ser fácil, porém ninguém disse que também seria impossível. E, se fosse fácil, não teriam tantos relacionamentos tendo fim - e eu não quero que isso ocorra conosco.
Ah, e eu não posso esquecer que, o que fez eu me apaixonar por você, foram coisas muito mais importantes do que todas aquelas citadas no início do texto. Exemplos: o jeito como você sorri de nervosismo, a sua inteligência, o seu dom para pintar, como você não se importa com coisas idiotas (como roupas), como você sempre vê o lado bom das pessoas… E eu poderia ficar aqui fazendo um texto só com as coisas que fizeram eu me apaixonar por você; que fazem eu ficar mais apaixonada por você a cada dia, essa é a verdade. Tudo isso porque eu te amo e amor não é algo que possa ser deletado por causa de coisinhas tão insignificantes. Às vezes nós apenas esquecemos o que realmente importa, entretanto nada como um bom livro e uma boa música para nos relembrar.
Agora espera, porque eu preciso responder as mensagens de uma pessoa. 

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